quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Cinzentos


Começo agora a perceber, acho eu, que os cinzentos são como uma ponte, que une duas margens.

Acho que, desde sempre, habituei-me a viver nas margens, e a encarar a ponte como uma mera passagem para a outra margem. E um dia, dizem-me que a ponte é o melhor sítio para estar. Na verdade, no meio da ponte é onde tenho a melhor vista, consigo ver o rio, de onde vem e para onde vai, e consigo ver as duas margens bastante bem. Também consigo sempre ter escolha, mais para uma margem, ou mais para outra margem. Eu sei, parece ser o sítio mais vulnerável, não é? Também sinto isso. E racionalmente até o será, concordo.

Disseram-me que é o melhor sítio para estar, para descontrair e passear pela ponte, ora para um lado, ora para o outro, aconselharam-me a aproveitar a vista em todo o meu redor, que sentisse o vento na cara e no cabelo, o cheiro do rio que passa por baixo e o que vem de cada uma das margens. Que pensasse um bocadinho menos, e tentasse sentir, somente sentir, tudo isto um pouco mais.

Os cinzentos, somos nós...


Sem comentários:

Enviar um comentário